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Vítimas da lama tóxica são lembradas hoje no Brasil

No Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, entidades cutistas fazem um minuto de silêncio em todo o país.

Publicado: 28 Abril, 2016 - 16h43

Escrito por: Confetam

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O dia de 28 de Abril, data em que se celebra o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, foi criado por iniciativa do movimento sindical do Canadá e hoje se espalha por diversos países como uma forma de denunciar anualmente as inúmeras mortes e doenças causadas durante o exercício profissional. A data é referente ao acidente que, em 1969, matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos.

Em 2003, a Organização Internacional do Trabalho consagrou o dia para uma profunda reflexão da sociedade sobre as condições, ou a falta delas, de segurança e a saúde no exercício da profissão. Nesse sentido, o movimento sindical CUTista mantém o espírito de denúncia e de luta que originou a data, dando visibilidade às doenças, aos acidentes do trabalho e aos temas relativos à saúde do trabalhador em discussão na agenda sindical.

Importante ressaltar que no Brasil as estatísticas de acidentes e mortes nos locais de trabalho são resultado de um modelo de desenvolvimento econômico que visa apenas o lucro, em detrimento da promoção da saúde, da prevenção de riscos, da proteção ao meio ambiente, dos direitos sociais e da Agenda Nacional do Trabalho Decente.

Os dados são contundentes: nos anos de 2012, 2013 e 2014 foram registrados 2.143.784 acidentes. 47.910 trabalhadores não retornaram mais para os locais de trabalho e 8.392 perderam a vida. Os dados, porém, são subnotificados. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde do IBGE e Fiocruz, ocorreram cerca de cinco milhões de acidentes de trabalho entre os anos 2012/2013. 

Os custos sociais desta tragédia silenciosa são muitas vezes irreparáveis. As despesas médicas, os benefícios previdenciários acidentários e as pensões por mortes e invalidez só aumentam, atingindo cifra anual de R$ 71 bilhões. 

Nas ações deste ano, as entidades cutistas denunciam os acidentes, as doenças e as mortes causadas pelas péssimas condições de trabalho, os ataques aos direitos e à organização sindical dentro dos próprios locais de trabalho, e a terceirização, que precariza ainda mais as relações laborais. 

Vítimas do maior crime ambiental do Brasil

Nesta data, ocorrerão manifestações públicas na cidade de Mariana (MG) em memória das vítimas do rompimento da barragem em Bento Rodrigues, que devastou com lama tóxica toda uma cidade, causando o maior crime ambiental da história do Brasil. Além de Mariana, o desastre atingiu vários outros municípios, tornando inviável a vida social, cultural, ambiental, aquática e destruindo a base de produção de renda dos agricultores e agricultoras que vivem na margem da bacia do Rio Doce, um crime contra a vida e o meio ambiente de responsabilidade da Samarco VALE/BHP Billiton.

O objetivo do protesto é cobrar do Poder Público a responsabilidade que lhe cabe, como, por exemplo, garantir a participação de movimentos sociais na elaboração do novo marco regulatório da mineração que respeite os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e as populações atingidas pela mineração; a preservação do meio ambiente, melhoria das condições de trabalho, exigir a responsabilização civil e criminal das empresas e seus dirigentes, que mesmo sabendo do risco de rompimento da barragem não tomaram as devidas providências para evitar o dano; recuperação da bacia do Rio Doce e indenização as vítimas do rompimento da barragem de Bento Rodrigues.

No Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, todas as entidades CUTistas foram convidadas a fazerem um minuto de silêncio em memória das vítimas do maior crime ambiental já ocorrido no Brasil, que resultou em duas crianças e 16 trabalhadores mortos, sendo 12 terceirizados, três de Bento Rodrigues e um da Samarco; um trabalhador desaparecido; mais de 10 mil postos de trabalho fechados; milhares de agricultores, comerciantes e pescadores sem trabalho, somando mais de um milhão de pessoas atingidas pela destruição da Bacia do Rio Doce.

As entidades filiadas à CUT, entre elas a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam), exigem portanto a punição exemplar dos culpados, a imediata indenização das vítimas, a recuperação da Bacia do Rio Doce, e a reconstrução do trabalho nas áreas atingidas, com sustentabilidade social e econômica.

Com informações da CUT/Brasil