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Trabalhadores vão às ruas para defender direitos

O dia 13 de março ficou marcado pelo clamor dos trabalhadores pela retirada das medidas provisórias 664 e 665; em defesa da Petrobras; e pela Reforma Política com Constituinte. Mas a grande mídia escondeu

Publicado: 14 Abril, 2015 - 00h00

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O Brasil está em reflexão. Os protestos de junho de 2013 e os debates que ocorreram nas eleições de 2014 ainda repercutem. Entre tantas discussões importantes há um clima de torcida uniformizada que, por vezes, impede a análise mais fria do que ocorre e oculta o que está em jogo. Nos dias 13 e 15 de março deste ano, aconteceram em uma das avenidas mais importantes do País as expressões que dividem as mais diversas visões quando se fala de política.
Os movimentos de esquerda marcham por defesa da democracia e contra o Impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Um ataque à democracia, uma vez que não há qualquer condição jurídica para tanto. Mais uma vez o Brasil repete discursos golpistas como em 1964, que encobrem os interesses da elite econômica que quer retroceder nas conquistas dos trabalhadores. No dia 13, os trabalhadores foram às ruas, organizados pela CUT, protestando contra as medidas provisórias 664 e 665 (que reduzem a abrangência de benefícios sociais como auxílio doença, seguro desemprego, abono salarial); em defesa da Petrobras; e pela Reforma Política com Constituinte.
Já a marcha que aconteceu no dia 15, reuniu grupos diversos com diversas bandeiras. Talvez o único grito comum se fez contra a corrupção. As soluções para acabar com a corrupção iam da intervenção militar ao impeachment da Presidenta. As soluções mágicas propostas ignoraram as corrupções que se acentuaram durante a ditadura militar. Também inventaram a tese que derrubar Presidente e mudar partido legitimamente eleito resolveriam o problema crônico de corrupção no Brasil, hoje tão investigada pela liberdade que têm a Polícia Federal e o Ministério Público. A grande mídia com organizações que se fizeram apoiando e apoiadas pelos governos militares incentivaram no dia 15, movimentos e discursos seletivos contra a corrupção.
Não querem investigar todos os escândalos e nem todos os partidos. O objetivo claro era desestabilizar o governo e criar condições para um golpe. E pior, ignoraram, como sempre fazem, os trabalhadores que foram para as ruas. Os trabalhadores cobram do governo Dilma que não sejam eles a pagar a conta da crise, e sim, os ricos, mas não abrem mão da democracia, do direito legítimo ao voto e da legitimidade dos mandatos eleitos democraticamente na urna.
A crise mundial da economia que chega ao Brasil desestrutura a classe trabalhadora. Apesar de termos um baixo índice de desemprego (5,3%), a inflação em crescimento e a retração na indústria preocupam os trabalhadores. Mesmo com médias de aumentos reais de salário em 2014, o próximo período indica retração.
Temos uma luta pela frente: enfrentar os problemas nacionais. Todos os escândalos de corrupção, desde a Petrobras ao Metrô (esse sem destaque na grande mídia) passam pelo financiamento de campanha. Mas a mídia não trata da reforma política necessária ou da decisão do STF pelo fim do financiamento de empresas que o Ministro Gilmar Mendes não deixa votar. Não querem acabar com a corrupção. Não falam da necessidade de repassar a conta dos ajustes da economia para os setores mais ricos que eles representam.
Muito menos vão falar de uma democratização dos meios de comunicação que dê voz à classe trabalhadora e às minorias. Sem acesso às informações o trabalhador vai formar opinião pela visão dos seus patrões. Por isso, a CUT e outras centrais sindicais, os sindicatos e os movimentos sociais permanecerão nas ruas para dar seu recado nos dias 7 de abril e 1º de maio. Dialogando com os trabalhadores e mobilizando as bases sociais. Tudo isso porque conquistamos esse direito, derrubando da ditadura. E pela democracia os trabalhadores vão continuar lutando.
Quem quer a tortura como prática política de volta?
Não, não e não podemos discutir a intervenção militar. Se algo que não podemos evocar é a intervenção militar no Estado brasileiro. A experiência nos deixou atraso em todas as áreas, deixou sequelas em várias famílias, deixou mortos, deixou torturados, tudo isso exaustivamente lembrado durante 2014 que marcou 50 anos do Golpe Militar.
Tortura nunca mais! O que ocorre hoje, com milhões nas ruas é a conquista de brasileiros que não se calaram aos desmandos dos militares. Artistas, jornalistas, políticos, religiosos, líderes sociais, enfim todos que têm algo a dizer podem fazê-lo. Permitir que sejam censurados pela volta de um governo militar não está em pauta e qualquer movimento nesse sentido deve ser combatido desde já. Aliás, qualquer incitação contra a democracia é considerado crime pela Constituição. A quem interessa o fim da liberdade?
Reforma Política com Constituinte se impõe como antídoto à corrupção
Pense como direita, pense como esquerda, pense como centro, pense como anarquista ninguém irá defender corrupção. A raiz da corrupção está enraizada na nossa cultura política e precisa de um choque urgente. Esse é um legado que deveria vir do Planalto, mas, feliz ou infelizmente, as ruas impõem aos políticos. As ruas são soberanas sobre essa pauta. Por isso, tamanha a hostilidade com políticos durante as manifestações. O financiamento público de campanha é urgente. Ou alguém acredita em empresário que doa sem querer lucrar? É necessária uma Reforma Política com Constituinte. Para tanto todo o movimento sindical exige que o ministro Gilmar Mendes devolva o processo que julga se é inconstitucional o financiamento de campanha por empresas. Após 6 votos a 1 pelo fim do financiamento por empresas, o Ministro do STF pediu vistas a mais de um ano. Ele tinha duas semanas para devolver. Esse problema não tem partido. Muitas das empreiteiras denunciadas na Lava a Jato, por exemplo, financiaram a campanha de vários candidatos e diversos partidos políticos. Várias delas estão envolvidas no escândalo do Metrô de São Paulo. Ou seja, essas empresas não veem cor, a não ser a do dinheiro.