Escrito por: Manoel Ramires

Sindicato e pais de alunos denunciam superlotação de cmeis em Curitiba

Prefeito Rafael Greca quer ampliar a quantidade de vagas sem contratar novos profissionais

Andrea Rosendo/Sismuc
Debate no Conselho de Educação foi acompanhado por dirigentes da Confetam/CUT

Professoras de educação infantil e também do fundamental. Pais, mães, representantes da comunidade escolar. Todos esses setores da sociedade se fizeram presentes em frente à sala do Conselho Municipal de Educação (CME), nesta quarta-feira (8), para protestar contra tentativa da Prefeitura de Curitiba de redimensionar a relação entre criança e professor nos Centros Municipais de Educação Infantil (cmeis). Na prática, o prefeito Rafael Greca (PMN) quer ampliar a quantidade de vagas sem contratar novos profissionais.

A indignação contava com o argumento de que a medida, estudada pela prefeitura, prejudica a qualidade da educação e o cuidado com a criança em sala de aula. Em vídeo divulgado nas redes sociais do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Curitiba (Sismuc) e da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT), as entidades alertam para os riscos. “No dia 13 de setembro, a secretaria de educação enviou ao Conselho Municipal de Educação uma proposta de alteração na relação adulto/criança. Essa alteração é danosa, pois as salas não suportam mais crianças. Além de aumentar o risco em relação a segurança”, explica Soraya Cristina Zgoda, coordenadora do Sismuc.

De acordo com a professora de educação infantil Cleia de Santana, “existem horários em que as professoras já ficam sozinhas com as crianças, ficando sobrecarregadas”. Ela alerta para os riscos no cotidiano com relação a mudança proposta citando o desfralde. “Como é que será feito o desfralde se uma profissional terá que ficar no banheiro enquanto outra profissional cuida de trinta crianças”, questiona.

Já a coordenadora do Sismuc, Cáthia Almeida, comenta sobre a possibilidade os cmeis deixarem de cumprir a função pedagógica para apenas virarem creches. “Daqui um tempo teremos que colocar as crianças em um ‘cabide’, pois não terá espaço para deixar no chão. É triste”, ilustra. O vídeo também foi apresentado na Câmara Municipal de Curitiba pela vereadora professora Josete (PT).

CME
A reunião do CME contou com a presença de conselheiros representantes de mães e pais, além dos dois sindicatos – Sismuc e Sismmac (Sindicato dos Servidores do Magistério Municipal de Curitiba). Para impedir a mudança sem amplo debate, os sindicatos fizeram protesto durante a reunião. A conselheira Marina Alzão Felisberto pediu vistas do processo e cobrou mais debate sobre o tema. “Estamos aumentando o número de criança de uma forma irresponsável. Aumentar sem ampliar profissionais já é temerário. Deveríamos ter um tempo maior para debater essa mudança. É impossível tanta gente estar errada”, questiona. O próximo encontro do conselho ocorre em 5 e 6  de dezembro.

Proposta da Prefeitura X Plano Municipal de Educação
Sinalização da prefeitura
B1 | Criança 0 a 1 ano -1 profissional a cada 6 crianças, com no máximo 18 crianças
B2 | 1 a 2 anos – 1 profissional a cada 8 crianças, com no máximo 24
M1 | 2 a 3 anos – 1 profissional a cada 10 crianças, com no máximo 30
M2 | 3 a 4 anos – 1 profissional a cada 15 crianças, com no máximo 30
PRÉ 1 | 4 e 5 anos – 1 profissional a cada 25, com no máximo 35
PRÉ 2 |5 anos – 1 profissional a cada 25, com no máximo 35

Plano Municipal de Educação
B1 | 0 a 1 ano – 1 professor a cada 5 crianças. Atualmente o limite é de 15 crianças.
B2 | 1 a 2 anos – 1 professor a cada 5 crianças, Atualmente o limite é de 15 crianças.
M1 | 2 a 3 anos – 1 professor a cada 8 crianças, Atualmente o limite é de 24 crianças.
M2 | 3 a 4 anos – 1 professor a cada 10 crianças, Atualmente o limite é de 30 crianças.
PRÉ 1 | 4 a 5 anos – 1 professor a cada 10 crianças. Atualmente o limite é de 30 crianças.
PRÉ 2 |5 anos – – 1 professor a cada 10 crianças. Atualmente o limite é de 30 crianças.