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O mundo ainda precisa de 6 milhões de enfermeiros

O dado é uma descoberta de um novo relatório da OMS que também nos diz que a força de trabalho global de enfermagem é atualmente de 27,9 milhões

Publicado: 13 Abril, 2020 - 09h49

Escrito por: ISP - Tradução: Rafael Mesquita

Madelline Romero
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Enfermeiras tailandesas

Situação da Enfermagem Mundial 2020O relatório destaca a necessidade crucial de esforços conjuntos e sustentados para maximizar as contribuições da força de trabalho de enfermagem e seus papéis nas equipes interprofissionais de saúde para que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) sejam atingidos.

A publicação do relatório foi uma das atividades já marcadas para acontecer em 2020, o Ano Internacional da Enfermeira e Parteira, conforme deliberado pela Assembléia Mundial da Saúde no ano passado.

Com dados fornecidos por 191 países, o relatório estabelece que a força de trabalho global de enfermagem é de 27,9 milhões, dos quais 19,3 milhões são profissionalizados em enfermagem. Assim, a força de trabalho de enfermagem responde por aproximadamente 59% de toda a força de trabalho global em saúde.

Mas esse número ainda está muito abaixo do necessário para alcançar o atendimento universal à saúde. Ainda há um déficit de 5,9 milhões de enfermeiros em todo o mundo.

Por trás desses números está o fato de que a situação é muito pior nos países em desenvolvimento e particularmente na África. “Mais de 80% das enfermeiras do mundo são encontradas em países que representam metade da população mundial”. Assim, 5,3 milhões (89%) da escassez de enfermeiros estão concentrados em países de baixa e baixa renda média.

Enquanto isso, os países que já enfrentam severa escassez de enfermeiros também são confrontados com a migração externa de enfermeiros para países de alta renda, geralmente devido à baixa remuneração e condições de trabalho.

O ComHEEG da ONU observou que haveria um déficit de 18 milhões de trabalhadores da saúde até 2030 se ações decisivas não fossem tomadas imediatamente para investir na força de trabalho em saúde.

A necessidade de investimento em enfermagem e na força de trabalho em saúde em geral não pode ser enfatizada demais. Os governos devem tomar medidas drásticas para melhorar a educação, a remuneração e as condições de trabalho dos enfermeiros para garantir sua disponibilidade e retenção.

A falta de pessoal nos hospitais levou a níveis evitáveis ​​de estresse e esgotamento, com graves consequências para a saúde física e mental e o bem-estar dos enfermeiros e outros profissionais de saúde.

Este é o momento dos governos seguirem totalmente seu discurso e implementarem recomendações da Comissão de Alto Nível das Nações Unidas sobre Emprego na Saúde e Crescimento Econômico (UN ComHEEG). A Comissão observou que haveria um déficit de 18 milhões de trabalhadores da saúde até 2030 se ações decisivas não fossem tomadas imediatamente para investir na força de trabalho em saúde.

O mundo estaria mais preparado para enfrentar a pandemia em curso se essas ações necessárias tivessem sido tomadas. Agora devemos exigir que os governos não apenas elogiem ou celebrem enfermeiras e outros profissionais de saúde na linha de frente da resposta global. Eles precisam recrutar enfermeiros e outros profissionais de saúde suficientes e garantir condições de trabalho decentes para eles, incluindo o fornecimento de equipamento de proteção individual (EPI).

A segurança dos enfermeiros é igualmente de grande importância. É preocupante o fato de que, dos 55 países que responderam aos indicadores de violência no local de trabalho na pesquisa realizada pela OMS, apenas 37% têm medidas para combater a violência no local de trabalho contra enfermeiros. Esse é mais um motivo para exigir dos governos de nossos países que ratifiquem a Convenção da OIT sobre Violência e Assédio, 2019 (C190) sem demora. Enfermeiras seguras salvam vidas.

O Relatório Mundial sobre Enfermagem 2020 deve servir como ponto de partida para ações concretas dos governos.

A Internacional de Serviços Públicos (ISP) insta seus afiliados a defender que os governos de seus países traduzam as evidências deste relatório em decisões políticas e de investimento concretas, com o senso de urgência que isso exige.