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Misoginia, preconceito e ódio de classe

O conservadorismo e o preconceito estão estampados em protestos que demonstram ataques num grau de violência e agressão ultrajante contra todas as mulheres.

Publicado: 17 Março, 2015 - 00h00

Os atuais desafios políticos que estamos vivenciando, têm mostrado que, além das guerras partidárias e de um descontentamento infundado da elite brasileira, há um machismo real e persistente “embutido” nas ações dos que têm incitado a onda de violência em nosso país. As ofensas machistas que foram recentemente dirigidas à Presidenta Dilma refletem nitidamente a mentalidade e a cultura brasileira. Essas ofensas, quando reproduzidas, acabam reforçando um discurso sexista que está culturalmente arraigado na cabeça de homens e até mesmo de muitas das mulheres brasileiras. O conservadorismo e o preconceito estão estampados em protestos que demonstram ataques num grau de violência e agressão ultrajante contra todas as mulheres. O ódio sexista e misógino a partir da identidade de gênero de nossa Presidenta demonstra ainda que esses ataques estão sendo promovidos pela mesma classe que se colocou contra a PEC das domésticas e que reclama que os aeroportos do país viraram rodoviárias. Esse grau de violência reforça que a divergência não se trata apenas de divergência política, mas da luta de classes.
Essas mesmas agressões que a nossa Presidenta Dilma vem sofrendo, estão incorporadas em nosso dia-a-dia de mulher, onde não se enxergam nossas lutas e vitórias, onde nossas batalhas diárias não fazem parte da evolução das famílias, dos empregos e de uma Nação. O que ouvimos em tons de “brincadeiras” refletem as “verdades” incorporadas no que se passa no imaginário da maioria das pessoas. Temos um dia de exaltação às mulheres no mês março, enquanto o restante do ano o que se vê são condutas que destacam o machismo social, seja na mídia, no trabalho ou em nossas casas. Precisamos nos posicionar em defesa da mulher que elegemos democraticamente para governar e mudar o nosso Brasil, sim nosso, de homens e mulheres, enfatizar a essa parte da sociedade quem é Dilma Rousseff e de quais lutas ela fez e faz parte, para que entendam que a mulher, mãe, avó, presidenta e acima de tudo, uma lutadora pelos direitos de liberdade e evolução do nosso país perante o mundo. Enquanto eles ressaltam injúrias e difamações, precisamos ressaltar a verdade e resgatar toda a militância dessa mulher guerreira. Juntemo-nos a ela com nossa força de mulher, a cada agressão verbal que ela sofrer, que cada uma de nós possamos nos enxergar em diversas das situações corriqueiras pelas quais passamos cotidianamente, a cada citação sobre incompetências, nos enxergar em cada dia que passamos tentando provar nossas qualidades e ficarão evidentes as razões incluídas nesse discurso despolitizado e incoerente.
Precisamos agir com urgência a tudo isso, prioritariamente dialogar com nossos jovens que estão interiorizando, sem filtros, essa forma de entender e fazer política e, assim, levando a outras gerações o contexto “maquiado” do machismo “moderno”, modernidade esta que se arrasta desde sempre e que não podemos deixar que seja implantado nas próximas gerações. Precisamos ter a capacidade de mostrar que os comentários preconceituosos e machistas para com a Presidenta Dilma Rousseff não são apenas uma reprodução dos estereótipos, padrões e normas do capitalismo impostas às mulheres, mas são também o reflexo da indignação dos setores mais conservadores desse país por ela ser a representante máxima do poder e por representar um projeto que pensa no povo e governa para todos.
Juntas somos mais fortes para combater essa insensatez brutal que querem nos impor.
Todas temos coração valente!