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Marcha dos Catarinenses repudia políticas adotadas pelo governo do estado

Caminhada no centro de Florianópolis reuniu milhares de pessoas ligadas ao movimento sindical e social

Publicado: 11 Abril, 2014 - 00h00

Começou cedo, vieram de longe e aos poucos foram dando um tom vermelho para a Praça Miramar, local histórico do Centro de Florianópolis, de onde partiu a 5º Marcha dos Catarinenses. Trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade se reuniram na capital para cobrar do governo do Estado melhores investimentos em políticas públicas, condições de trabalho decente e justiça social a todos os catarinenses.
A marcha que está na sua quinta edição, apesar das grandes mobilizações já realizadas em anos anteriores, neste ano depois das jornadas de manifestações em junho de 2013, o sentimento dos trabalhadores que sempre estiveram na luta, era diferente, era um sentimento de pertencimento àquele espaço. “Foi sempre com muita batalha que conquistamos os direitos dos trabalhadores, nada para o trabalhador vem de graça então quando vamos às ruas são com pautas e com foco de enfrentamento àqueles que querem reduzir os nossos direitos”, salientou Neudi Giachini, presidente da CUT-SC.
Mais de 2.500 trabalhadores do oeste, norte, meio oeste, sul de Santa Catarina se reuniram na Marcha dos Catarinenses que percorreu cerca de quatro quilômetros pelas principais ruas da capital. Durante a caminhada foram feitos atos que cobraram do governo estadual melhores políticas públicas como saúde, educação e segurança. Um boneco do governador Raimundo Colombo foi queimado em frente ao Terminal Urbano e também, em frente ao Tribunal da Justiça, o Movimento dos Sem Terra fez um ato representando à morte da justiça brasileira, que criminaliza os Movimentos Sociais e Sindicais do Brasil.
Trabalhadores querem melhores políticas públicas – De acordo com o Índice do Banco Central, publicado em janeiro deste ano, a economia catarinense em 2013, cresceu mais que a economia do Brasil, tendo um aumento de 4,1%. Porém estes números positivos não estão refletindo na melhora de vida de grande parte da população de Santa Catarina, visto que, o estado amarga a vergonha de ter meio milhão de catarinenses abaixo da linha da pobreza.
Além disso, a falta de investimentos do governo estadual em políticas públicas e o avanço na política neoliberal tem prejudicado a população catarinense, em especial à classe trabalhadora que depende diretamente do serviço público em áreas primordiais, como a educação, saúde e segurança.
Por isso o tema da Marcha dos Catarinenses deste ano trouxe novamente a necessidade urgente de uma nova política no Estado, uma política que dialogue com trabalho decente e valorização do servidor estadual.
Contra a ditadura do governo Raimundo Colombo – Os servidores que trabalham em diversas unidades do estado (penitenciárias, entidades educacionais e outros órgãos), ficaram em greve por quase um mês, mas decidiram retomar suas atividades no início dessa semana. A decisão se deu, depois que o governador entrou na justiça e efetuou diversos bloqueios ao Sindicato e também ameaçou a exoneração dos dirigentes sindicais. Em assembleia, os servidores aceitaram voltar trabalhar, na próxima semana os servidores se reúnem novamente, para definir os próximos encaminhamentos da mobilização.
Porém, o ataque deste governo aos trabalhadores que estão organizados foi lembrado na Marcha dos Catarinenses, que em solidariedade aprovou a construção de uma Moção de Repúdio, assinada por diversas entidades sociais e sindicais e que será encaminhada ao governador Raimundo Colombo.
Aldoir Kraemer, Secretário de Políticas Sociais da CUT-SC e coordenador da CMS - Coordenação dos Movimentos Sociais, lembrou da necessidade de união da classe trabalhadora. “O que o governo estadual tem feito com o movimento sindical é um grande desrespeito. Vamos mostrar a este governo, que não se mexe com a classe trabalhadora e que estamos unidos em defesa do direito de todos e todas”, frisou Aldoir.
Ocupação da Casa do Povo - Depois da caminhada os participantes da Marcha ocuparam à Assembleia Legislativa – Alesc. Em poucos minutos, a “Casa do povo” estava realmente ocupada por seus representados. Os trabalhadores foram se acomodando no grande hall de entrada e se sentindo “em casa”, eles foram sentando no chão para descansar do longo trajeto percorrido.
Quando a Sessão do dia começou, representantes da CUT e da CTB, depois de serem cuidadosamente revistados por vários seguranças, ocuparam as galerias do Plenário para acompanhar a votação do dia e tentar protocolar, diretamente com o presidente da Alesc, Joares Ponticelli, a pauta de reivindicação da Marcha.
Porém, para revolta dos trabalhadores, nem o presidente da Assembleia e nem a maioria dos deputados que representam o governo, estavam presentes na Sessão, o que gerou uma grande manifestação dos trabalhadores que fizeram um “apitaço” dentro do Plenário. Devido ao forte barulho, o Deputado Padre Pedro Baldisserra (PT), que assumiu a presidência da sessão, teve que transferir a ordem do dia para duas horas mais tarde.
Mesmo sem a presença dos líderes dos partidos do governo, os trabalhadores foram ouvidos por deputados de partidos de esquerda. O Deputado Padre Pedro, uma liderança que sempre esteve envolvida nos movimentos sociais, respeitou à classe trabalhadora e abriu um espaço para os representantes da Marcha apresentarem as reivindicações e também protocolarem o documento ao presidente da Assembleia.
Aldoir Kraemer agradeceu o deputado por essa sensibilidade em saber ouvir e dar voz aos trabalhadores. “Que neste ano de eleições, os catarinenses saibam escolher os representantes que estão do nosso lado e que junto conosco, querem construir uma sociedade mais justa e igualitária”, salientou Aldoir que aproveitou para agradecer todos os trabalhadores que saíram do seu local de trabalho e participaram da quinta edição da Marcha dos Catarinenses. “Mais uma vez comprovamos a capacidade de organização dos movimentos sociais e da classe trabalhadora. Foi na rua que surgiram nossos movimentos e nas ruas vamos permanecer, até que todos e todas tenham os mesmos direitos”, enfatizou Aldoir.
Fonte: CUT Nacional