Defender a democracia, a grande tarefa de 2015

2014 está acabando e deixa para a classe trabalhadora e a sociedade um grande desafio: colocar na agenda de todos os dias de 2015 a defesa intransigente da democracia em nosso país, em todas as suas variáveis.

Isto será preciso porque, estranhamente, neste ano em que o golpe militar completou cinco décadas, a democracia foi ferozmente arranhada e ameaçada pelas forças retrógradas, em especial a partir do segundo semestre, quando a disputa eleitoral se acirrou.
Quem lutou para que a democracia fosse restabelecida e quem batalhou para que ela se ampliasse por meio da inclusão e da justiça social em nosso país, tem assistido e vivenciado os ataques da elite conservadora nos últimos 12 anos – que foram intensificados em 2014 –, e acabou percebendo que há outras formas para tentar minar o regime democrático, que vão além da força bruta de uma ditadura militar.
Os golpes diários desferidos pela mídia tradicional contra o governo Dilma Rousseff, os movimentos sociais e sindical e o jogo baixo e irresponsável da oposição conservadora durante o processo eleitoral (e depois dele) são exemplos claros. A elite quer divia população, incitar o ódio de classe e o preconceito racial e de gênero, que afrontam a democracia e a opção de projeto governo escolhida nas urnas.
O que esse setor retrógrado deseja, na realidade, é que o país dê uma guinada ao velho e ultrapassado modelo neoliberal, tirando do Estado o papel indutor do desenvolvimento social e, assim, de principal garantidor da democracia real, que assegura e amplia direitos, que investe na política de distribuição de renda e que dá oportunidades àqueles que hoje são as principais vítimas desta expressão descabida de preconceito.
Assim, 2015 espera de todos e todas que têm na democracia um dos seus valores mais preciosos que lutem por ela, que defendam tudo o que este regime representa para suas vidas e para o Brasil. Será um ano em que o embate entre projetos estará ainda mais acirrado e que exigirá de cada um de nós um empenho muito maior para desconstruir as mentiras e manipulações da elite e da mídia que a serve.
Para nós, metalúrgicos e metalúrgicas da CUT, 2015 reserva também uma responsabilidade muito grande. Temos de nos mobilizar ainda mais para, em primeiro lugar, garantir empregos e direitos já conquistados. Ao lado das categorias química, têxteis, da construção e da alimentação, temos também de continuar cumprindo nossa jornada nos fóruns de debate da política industrial, defendendo o papel da indústria como principal instrumento de desenvolvimento do país.
Junto com trabalhadores e trabalhadoras dos demais ramos, precisamos fortalecer as lutas da CUT, particularmente em defesa da pauta histórica de reivindicações entregue ao governo e ao Congresso Nacional, da qual consta, entre outros itens, o fim do fator previdenciário e a jornada de trabalho de 40 horas semanais. Com as entidades da sociedade civil, vamos ainda intensificar as campanhas pela reforma política e por um novo marco regulatório para as comunicações.
Enfim, como já ocorreu em outros períodos fundamentais, com nossa consciência e nossa luta vamos ajudar a consolidar a democracia e tudo o que ela representa para a conquista da igualdade de direitos e de oportunidades e para o real exercício da cidadania por homens, mulheres, crianças, jovens e idosos, independente de etnia, credo, gênero, local de nascimento e classe social. É isso que o Brasil espera e precisa de nós em 2015!
Paulo Cayres é trabalhador na Ford e presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT