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CUT integra Conselho Nacional de Direitos Humanos

Após 20 anos de tramitação, PL vira Lei; Conselho foi empossado nesta quarta (10) em Brasília

Publicado: 11 Dezembro, 2014 - 00h00

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A CUT integrará o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) - instância consultiva vinculada à Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República - no período de 2014-2016. O secretário nacional de Políticas Sociais da CUT, Expedito Solaney, será o representante da Central, que foi eleita entre mais de 350 entidades como suplente e empossada nesta quarta-feira (10), em Brasília.
O CNDH substitui o antigo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), criado em 1964 pouco antes do golpe militar. Com a Lei Nº 12.986/14 - proposta em 1994 e aprovada após duas décadas de discussões - o colegiado mais antigo do país teve ampliação da pluralidade de membros, maior democracia interna e maior força institucional. "Foram aproximadamente 20 anos de tramitação no Congresso. É claro que nós iremos aperfeiçoar, mas, o principal é que agora terá equilíbrio entre sociedade civil e governo para dar continuidade aos trabalhos que o CDDPH fazia com menos condições", afirma a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Ideli Salvatti.
Para Expedito Solaney, a escolha da CUT para a primeira gestão do novo conselho é uma prova do reconhecimento da Central frente à sociedade civil e uma oportunidade de articular as discussões entre Direitos Humanos, movimento sindical e mundo do trabalho. "É preciso compreender que Direitos Humanos não podem ser vistos como a junção de direitos tratados isoladamente", afirma o dirigente CUTista. "Os Direitos são indivisíveis e dialogam intensamente entre si. Assim, o mundo do trabalho, que lidaria com o que se costuma chamar de direito econômico, na verdade é muito mais abrangente do que isso, interconectando direito a transporte, direito à saúde, direito a moradia digna, qualidade de vida, entre outras coisas. É preciso perceber a transversalidade das pautas de direitos humanos ", afirma o dirigente, destacando o empenho da CUT em realizar essa relação. "A CUT é vanguarda".
Dialogando com a questão do Plano Nacional de Participação Social (PNPS) antes mesmo dele existir, a CUT já ocupava cadeiras em conselhos diretamente relacionados aos Direitos Humanos, como o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; Conselho das Cidades; Conselho Nacional do Direito das Pessoas com Deficiência; Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente; Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Infantil, entre outros. Com isso, a CUT acredita que apenas com a ampla participação da sociedade civil o sistema democrático pode ser fortalecido.
"Esse é o processo que vem da nossa luta: por maior participação social, por maior diálogo, por mais participação da sociedade no Estado", afirma Solaney.
Pautas do Conselho
O Conselho - formado por 22 membros e seus suplentes - surge para garantir o efetivo respeito aos Direitos Humanos por parte de entes públicos e privados, com poder, inclusive, de promover medidas para garantir tratados e atos internacionais ratificados no País, como a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) para que o Brasil investigue crimes da ditadura e puna seus autores.
A Procuradora de Justiça de Goiás Ivana Navarrete Pena, porta-voz da sociedade civil durante a posse, destacou a necessidade de ação efetiva dos movimento sociais para o avanço das conquistas que garantam a dignidade humana, e apontou o que pode ser o primeiro foco do Conselho.
"Sobre a ofensa que acaba de ser impetrada contra a Deputada Federal Maria do Rosário: por certo esse conselho se debruçará". Ivana se referia à atitude do deputado Jair Bolsonaro em relação à deputada.