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Ator Danny Glover aponta crise global como agravante da precarização no trabalho e critica a terceirização

Declaração foi dada no 9º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT

Publicado: 15 Abril, 2015 - 00h00

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O ator norte-americano Danny Glover, conhecido por seu ativismo pelo direitos civis em seu país e no mundo – elogiou ontem (14) as lutas dos sindicatos brasileiros no processo de construção da democracia brasileira. “Os sindicatos brasileiros sempre estiveram à frente da luta em favor dos direitos civis. O Brasil ainda não se deu conta do seu potencial no mundo. Nós, norte-americanos, observamos o Brasil como um país transformador nas relações de trabalho. No que diz respeito às ações globais, precisamos nos unir neste momento de crise financeira mundial, que aumenta a precarização dos trabalhos. Por isso, nossa luta é permanente”, afirmou, durante evento que integra a programação do 9º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da CUT. O congresso tem sua abertura oficial na noite desta terça-feira, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e se estende até sexta-feira (17), em Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo.
Glover foi um dos participantes do Seminário Internacional Impactos do Racismo no Mundo do Trabalho. A mesa foi coordenada pela secretária de Igualdade Racial da Confederação Nacional dos Metalúrgicos (CNM-CUT), Christiane dos Santos, e teve também a participação do diretor de Política de Herança Cultural do Smithsonian Institute, James Counts Early, da vice-presidente da central União dos Trabalhadores Metalúrgicos da África do Sul, Christine Oliver, e do presidente da CNM-CUT, Paulo Cayres. Durante sua exposição, Danny Glover exibiu um cartaz contra o Projeto de Lei que permite a ampliação do uso de mão de obra em todas as atividades das empresas (PL 4.330) – em tramitação no Congresso e alvo de manifestações nesta quarta-feira (15).
O ator e ativista agradeceu o apoio da entidade na campanha de solidariedade aos trabalhadores na unidade da Nissan em Canton, Mississipi, que são proibidos de se sindicalizar. “A CNM-CUT nos deu um apoio incondicional nesta luta. E este apoio foi além, porque o Mississipi não é um lugar muito amistoso para os negros norte-americanos. Ainda não conseguimos a sindicalização, mas estamos avançando com a organização dos trabalhadores”, lembrou Glover, que também preside o Fórum TransAfrica – maior e mais antiga ONG dedicada aos direitos da comunidade afrodescendente.
A sindicalista sul-africana Christiane Oliver falou do processo de democratização na África do Sul e das desigualdades que ainda existem em seu país, mesmo após o fim do apartheid. “Achávamos que com o fim do apartheid nós iríamos ter liberdade econômica. Mas, infelizmente, o capitalismo é global, branco e monopolista. Os brancos na África ganham oito vezes mais do que os negros . E no caso da mulher, a desigualdade é ainda maior. A mulher negra ganha apenas 70% do salário do homem negro.”
James Early falou sobre a importância do movimento sindical brasileiro na abordagem do tema da igualdade racial no espaço de trabalho e na sociedade. “A luta contra o racismo é uma luta pela cidadania plena de todos os norte-americanos e os sindicatos estão participando desta luta. Não teremos uma democracia plena sem a participação do negro em espaços de poder em todos os países. Tenho certeza de que nos próximos 25 anos o Brasil será o país mais importante de toda a América. Por isso, precisamos trabalhar junto com sindicatos brasileiros desde já para colocar este tema como a principal bandeira de luta”, disse.