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A cada 25 horas uma pessoa LGBT é assassinada no Brasil

Em artigo, a secretária de LGBT da Confetam e secretária da Mulher Trabalhadora da CUT-SC aborda a urgência de debatermos a violência contra a população LGBT.

Publicado: 08 Dezembro, 2017 - 14h54

Escrito por: Sueli Silvia Adriano

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A vida não está fácil pra ninguém, isso é fato, mas até quando a População LGBT sofrerá os ataques criminosos? Não bastasse toda a criminalização física, psicológica e moral que sofrem, sendo rejeitados por suas famílias; ainda são mortos por seres que simplesmente desconhecem sua história.

Os dois últimos casos catarinenses, um em Florianópolis e outro em Blumenau, traduzem o ódio instaurado na sociedade pelo preconceito a qualquer coisa, seja: cor, time de futebol, partido político ou mesmo condição sexual. Tudo é motivo para odiar.

Essa postura, sustentada pela mídia golpista, está aumentando a cada dia. A sociedade vem se alimentando de falsas informações, as quais perpassam, na visão deles, pela suposta "Ideologia de Gênero", em que a família tradicional, formada por um casal heterossexual, branco e com filhos perfeitos, representa o ideal de sociedade. Isso só aumenta o preconceito e forma cidadãos ainda mais preconceituosos e agressivos, renegando a diversidade nos espaços e por vezes perseguindo criminosamente.

O destaque primeiro é Blumenau, a “Alemanha brasileira”; denominada pelos líderes políticos: a Loira Blumenau, como se apenas brancos e loiros formassem sua população. Como se apenas descendentes alemães carregassem toda a estrutura de serviços, comércio e indústrias. Como se apenas brancos vivessem ou sobrevivessem neste habitat. Uma falta de leitura política, não partidária, política sim, predomina, inclusive no parlamento e na gestão pública. A falta dessa leitura e prática culmina com os retrocessos nos Planos Municipais de Educação e esbarra na rejeição de projetos que ampliam o debate, prova disto é o recente caso do Festival de Cinema da Escola Básica Estadual Elsa Pacheco, quando alguns parlamentares se viram no direito de intervir no projeto político pedagógico da unidade escolar, tentando impedir que os alunos se apropriassem do conhecimento sobre a diversidade existente. Mas a resistência fez sua parte.

Agora, esta semana, novamente em Blumenau, volta ao cenário das barbáries, onde um homem é encontrado morto em seu apartamento. Daí vem o pavor: qual motivo desta morte? Seria a homofobia entrando em cena? Será apenas mais um crime a ser investigado? Ou será o marco de mudança no âmbito policial e da sociedade em geral?

Já Florianópolis – a ilha da magia - não fica pra trás em se tratando de homofobia, mas não é a imagem que vendem. A ilha possui belezas mil e a diversidade está estampada em todos os cantos da cidade. A liberdade de expressão nem se compara à Blumenau. Suas esquinas traduzem a rebeldia moderna. Suas calçadas são onde embalam os beijos Gays, desfilam os trajes mais variados e espantosos, cultivam as mais variadas religiões, mas, no entanto, também transitam os preconceituosos.

O caso recente da jovem de Criciúma Transexual, encontrada morta no trevo da praia dos Ingleses em Florianópolis, simboliza a necessidade de debater e refletir e nos mais variados espaços, principalmente nas Escolas e Igrejas, nas Praças e Terminais, na família e no local de trabalho, pois a vida não está fácil pra ninguém, principalmente para a população LGBT. Ou você acha normal o que vem ocorrendo?  Ou você acha que é mera coincidência essas mortes LGBTs?