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40% DOS ACORDOS SALARIAIS TIVERAM REAJUSTE ABAIXO DA INFLAÇÃO

A economia inconsistente e com consequências do pós-pandemia vem achatando o poder de compra dos brasileiros.

Publicado: 26 Abril, 2022 - 09h50

Escrito por: Thiago Marinho

Divulgação
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Nos últimos três anos, o Dieese mostrou piora nas negociações salariais.

A economia inconsistente e com consequências do pós-pandemia vem achatando o poder de compra dos brasileiros. Nos últimos três anos, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou piora nas negociações salariais. Os resultados das negociações de março, com base nos instrumentos coletivos (acordos e convenções coletivas) registrados no Mediador do DIEESE até começo de abril, indica a manutenção do alto patamar de reajustes abaixo da inflação observado em fevereiro.

Cerca de 52% dos 231 reajustes de março, analisados pelo Dieese, não alcançaram a inflação de 10,8%, referente à variação dos preços nos 12 meses anteriores, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (INPC-IBGE). Resultados iguais ao INPC representaram cerca de 34% dos reajustes da data-base; e apenas 13,9% das negociações conquistaram aumentos reais. Os números de março e de datas-bases anteriores, apresentados no Boletim.

O parcelamento dos reajustes é mais frequente em contextos de inflação elevada. No entanto, embora a inflação siga crescente, os parcelamentos têm ocorrido com menos regularidade nas últimas datas-bases. Em março desse ano, apenas 5,6% das negociações estipularam o pagamento em duas ou mais parcelas, enquanto em março de 2021, 11,3% dos resultados analisados foram parcelados.

Praticamente 40% das campanhas acompanhadas no primeiro trimestre foram fechadas com reajuste inferior à variação do INPC-IBGE, indicador usado como referência no setor. Foram 31% equivalentes à inflação e 29% acima. Na média, a variação real dos reajustes é de -0,49%.

Em 2021, apenas 15% dos reajustes negociados resultaram em ganhos reais (acima da inflação). Outros 47% dos acordos ficaram abaixo do INPC, enquanto 38% tiveram correções exatamente conforme a inflação, ou seja, nem ganharam nem perderam.

“É uma vergonha esses dados divulgados e só mostra o descaso das gestões municipais com os seus servidores. A reposição da inflação aos salários é uma das bandeiras de todos os trabalhadores, que atualmente debatem com os presidenciáveis a revisão da reforma trabalhista de 2017, que prometia empregos e desenvolvimento e só trouxe mais precarização”, ressaltou Jucélia Vargas, presidenta da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal (Confetam/CUT).